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Foto/Reprodução: Arquivo PessoalGeral

Da UTI à linha de chegada: a corrida de rua um movimento de saúde e superação

Após enfrentar a COVID-19 e uma grave pneumonia, Newton encontrou na corrida de rua a força para recomeçar e transformar sua vida

30/01/2025por Gabriela Ukracheski

Nos últimos anos, as corridas de rua se tornaram um fenômeno global, conquistando cada vez mais adeptos de diferentes idades e perfis. O que antes era uma prática restrita a atletas profissionais, hoje se transformou em um estilo de vida que promove saúde, bem-estar e um forte senso de comunidade. Para muitos, correr não é apenas um exercício físico, mas uma forma de superação e conexão com o próprio corpo. Esse é o caso de Newton Valginhak, que encontrou na corrida uma nova chance de viver após enfrentar momentos críticos na luta contra a COVID-19.  

Newton foi diagnosticado com a doença em 2021 e teve um quadro grave, chegando a ficar internado na UTI. Os médicos acreditavam que ele não sobreviveria. Quando finalmente recebeu alta, estava extremamente debilitado, com grande perda de peso e força muscular. Sem condições de contar com um profissional para ajudá-lo na reabilitação, ele decidiu iniciar atividades físicas por conta própria.  

“Comecei a caminhar na praça com meu filho, bem devagar. Aos poucos, fui aumentando a distância e inserindo pequenos trotes, 50 metros, 100 metros, sempre respeitando meus limites.”  

Com o tempo, a caminhada virou corrida. Newton passou a estabelecer metas pessoais, aumentando gradativamente as distâncias percorridas.  

“Em algum tempo, eu já estava começando a correr realmente. Primeiro mil metros, depois dois e meio, quatro, até que cheguei a oito quilômetros. Fui melhorando e comecei a participar de corridas. Em treinos, cheguei a correr 15 km, e nas provas oficiais, comecei com 5 km.”  

A corrida não apenas fortaleceu seu corpo, mas também sua mente, ajudando-o a recuperar a confiança na própria saúde. No entanto, no início de 2023, Newton começou a se sentir fraco novamente. Mesmo tentando se manter ativo, sentia uma fadiga extrema, o que o impedia de correr ou até mesmo pedalar. Buscando respostas, procurou vários médicos e realizou diversos exames, mas ninguém conseguia diagnosticar o problema. Foi apenas quando consultou uma endocrinologista que surgiu a suspeita de uma sequela da COVID-19 na hipófise, o que impactava diretamente sua condição física.  

A luta pela recuperação se tornou ainda mais difícil quando, no meio do mesmo ano, Newton foi internado novamente, dessa vez com uma grave pneumonia. Seu estado era crítico, e os médicos alertaram sua esposa para preparar a família, pois acreditavam que ele não resistiria.  

“Eu não conseguia falar por estar entubado, então meus filhos me deram uma folha de papel e eu conversava com eles por ali.”  

Apesar das previsões pessimistas, ele sobreviveu mais uma vez e voltou para casa, onde precisou usar um aparelho de oxigênio até recuperar sua capacidade respiratória. Foi apenas em 2024 que Newton começou a se sentir forte o suficiente para retomar os treinos. Determinado a reescrever sua história, voltou às corridas com ainda mais motivação.  

“Voltei a treinar, com muita sede de saúde, de poder praticar uma atividade. Me inscrevi novamente em corridas de rua.”  

Participando de desafios virtuais e provas presenciais em cidades como Guarapuava e Curitiba, ele logo superou suas marcas anteriores.  

“Até agora, eu fazia corridas de 5 km, mas recentemente me inscrevi em uma de 10 km e consegui um tempo melhor do que eu tinha me proposto.”  

Agora, Newton tem um novo objetivo: correr uma meia maratona. Já começou os treinamentos e, em treinos, conseguiu completar os 21 km. Para ele, a corrida é mais do que um esporte: é um símbolo de sua resiliência.  

“A corrida, para mim, é uma espécie de atestado médico. Enquanto eu corro, enquanto me inscrevo em uma prova de 10 km e chego lá bem, sem dores e sem cansaço excessivo, é a prova de que estou vivo e muito bem.”  

A história de Newton é a prova de que a corrida vai muito além do esporte. Para alguns, é um passatempo; para outros, um desafio pessoal. Para ele, correr é uma celebração da vida. Cada quilômetro percorrido carrega o peso de uma luta vencida, e cada linha de chegada é, na verdade, um novo começo.