Saúde

Bebidas Energéticas: um olhar crítico sobre seus efeitos na saúde mental

31/10/2024por Revista Visual

As bebidas energéticas, que se tornaram um fenômeno cultural nos anos 2000, conquistaram espaço significativo no cotidiano dos brasileiros, impulsionadas por estratégias de marketing que falavam diretamente às necessidades de um estilo de vida acelerado. Com isso, esses produtos não apenas se tornaram comuns nas prateleiras, mas também ganharam um lugar importante no orçamento familiar.

Dados recentes da analista de mercado Scanntech revelam um crescimento de aproximadamente 15% nas vendas de energéticos entre janeiro e agosto de 2024, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Este aumento é ainda mais impressionante quando analisado ao longo da última década. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas, tanto a produção quanto o consumo desses produtos mais que dobraram de 2010 a 2020. A produção saltou de 63 milhões de litros anuais para 151 milhões, enquanto o consumo per capita cresceu de 300 ml para 710 ml.

Entretanto, o crescimento desse mercado traz à tona questões alarmantes relacionadas à saúde mental. O professor Fernando Asbahr, psiquiatra e coordenador do Ambulatório de Ansiedade na Infância e Adolescência do Instituto de Psiquiatria da USP, destaca que estudos recentes mostram uma correlação entre o alto consumo de energéticos e o aumento de sintomas de ansiedade e depressão, além de comportamentos de risco. “Embora não se trate de uma relação de causalidade, a ligação entre o consumo excessivo de energéticos e esses problemas de saúde mental é inegável”, alerta Asbahr.

Os riscos associados ao consumo excessivo de bebidas energéticas são alarmantes. De acordo com o psiquiatra, a cafeína — um dos principais componentes dessas bebidas — é encontrada em concentrações muito superiores às do café comum. “O consumo elevado de cafeína pode resultar em sérias consequências para a saúde, especialmente a mental. Trata-se de um estimulante potente do sistema nervoso central, e seu abuso pode gerar efeitos adversos significativos”, explica.

À medida que o apelo por essas bebidas cresce, é fundamental que os consumidores estejam cientes dos potenciais riscos à saúde e adotem uma abordagem crítica em relação ao seu consumo. O debate sobre os efeitos das bebidas energéticas na saúde pública continua, e o equilíbrio entre consumo e bem-estar deve ser uma prioridade para todos.